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Educação X Frieza


Quando eu comentava com as pessoas que eu gostaria de morar na Inglaterra e que estava vindo para ficar só 2 meses as pessoas (mesmo as que nunca tinham vindo para cá), diziam: "Eles são muito frios, você não vai se adaptar!"). É incrível como o ser humano tira conclusão das coisas (inclusive das desconhecidas) e simplesmente....conclui e te inclui! Como se as pessoas conhecessem você melhor do que você mesmo! Acho que só a minha MÃE me conhece melhor do que eu...e olha lá! Enfim, eles não são frios! Eles são EDUCADOS e HONESTOS!!! Nós, latinos (ou brasileiros, não sei bem) somos muito emotivos, cinestésicos, sentimentais e....sensíveis! Não suportamos a idéia de alguém NÃO gostar da gente...acho que temos uma necessidade da aceitação...talvez porque fomos colônia (e ainda nos comportamos como tal), talvez porque nunca tivemos guerra, apartheid, genocídio...ainda somos adolescentes do mundo velho e achamos que sabemos tudo porque o resto do mundo acha o brasileiro legal e alegre, ou seja, se o MUNDO acha a gente legal pq a meu ´colega de trabalho´, não?!?!?! A parte boa disto tudo é que todo mundo se adapta ao nosso ´amor e carinho´: no Brasil tem italiano, holandes, japonês, árabe, colombiano, americano, sérvio...o ônus e o bônus de sermos tão ´acalorados´...mas na hora da competência técnica e do profissionalismo deixamos (também) que isto (a emoção) se faça presente. Cath (minha mãe aqui) disse: "Você não precisa gostar do seu professor, mas têm que tirar as dúvidas com ele!" E quem disse que eu sei fazer isto? Quando eu não gosto de alguém (ou fico P pq alguém não faz o serviço do jeito que tem que fazer), eu simplesmente ignoro e faço eu mesma, faço sozinha, vou atrás...PQP isso não é assim! A gente não sabe exigir/pedir e fica se desculpando atrás de um monte de sentimentos que tecnicamente não levam a nada! Vi uma cena fenomenal e eu entendi porque as pessoas concluem (erroneamente) que eles são frios:  Tinha uma recepcionista que estava conversando com a coordenadora pedagógica a respeito de uma questão de um aluno...faltas, prazo...resolveram o problema: uma ajudou a outra, pois ambas tinham informações diferentes a respeito, mas que juntas (as informações e as mulheres), puderam chegar a uma solução satisfatória para ambas as partes: aluno e escola. Resolvida a questão, combinamos de sair pra tomar uma ´pint´...afinal, ainda é outono agora e eles podem aproveitar para ficar ´outside´ e curtir um pouco do clima ameno e confortável de Londres central. Pois perguntei para moça: "Porque ´fulana´ não veio??" (afinal, elas estavam tão comprometidas, juntas e empenhadas resolvendo aquele problema, nada mais do que ´natural´ que elas estivessem juntas....pelo menos foi o que o meu PRE conceito havia formado no meu cerebro); tranquilamente após um trago de cigarro a ´ciclana´ disse: "Porque eu não a chamei". E eu insisti: "Por que não?" E ela disse: "Porque ela não é minha amiga." - Acabei de chegar em casa e comentei com a minha ´mãe´ o ocorrido (minha mãe é relações pública no Sainsburys) e naturalmente ela disse: "My darling, você não precisa ser amiga de quem você trabalha, mas você tem que saber se a pessoa está bem, se precisa de ajuda e cumprimentá-la!, isso não significa que você tenha obrigação de sair e dividir o seu tempo com ela tomando uma pint" e eu retruquei: "Mas porque eu quero saber se uma pessoa que não é minha amiga está bem?" e ela respondeu: "Porque isso é educado e ele (o outro) também quer saber se você está bem." e complementou: "Nós nos preocupamos com as pessoas." Ou seja, pra eles, se o outro está bem, as coisas vão bem, todo mundo fica bem (na visão geral da vida), mas até aí, ser amigo, trocar tempo, sentimento, experiencia, pensamentos...só para os amigos mesmos....isto é ser educado, é ser honesto....

(texto de 18.09.12 após as 3 pints de cask ales e pensando: será que eu consigo levar este aprendizado para o Brasil?)